Descobertas recentes indicam que podemos aprender com os primeiros
habitantes da Amazônia como utilizar suas terras de forma sustentável.
Se você é contra o desmatamento em massa da nossa floresta, a aposta é
seguir as dicas de índios que moravam lá anos atrás.
Uma equipe internacional de arqueólogos e paleoecologistas relataram
pela primeira vez que os povos indígenas que viviam nas savanas ao redor da
floresta amazônica cultivavam suas terras sem o uso de fogo.
A pesquisa pode fornecer ideias sobre o uso sustentável e a conservação
dos ecossistemas amazônicos, que são globalmente importantes e estão sendo
rapidamente destruídos.
O estudo
Ao analisar registros de carvão vegetal, pólen e outros materiais abrangendo mais de 2.000 anos, a equipe da pesquisa criou o primeiro retrato detalhado do uso da terra nas savanas amazônicas na Guiana Francesa. Isto dá uma perspectiva única sobre aquele pedaço de terra, antes e depois da chegada dos europeus, que ocorreu em 1492.
A pesquisa mostra que os primeiros habitantes destas savanas amazônicas
praticavam um tipo de agricultura que envolvia a construção de pequenos montes
agrícolas com instrumentos de madeira.
Estes campos elevados tinham uma melhor drenagem, aeração do solo e
retenção de umidade, ideal para um ambiente que tem tanto secas quanto
inundações.
Os campos levantados também se beneficiavam de um aumento de
fertilidade, pois o esterco era continuamente tirado da bacia alagada e depositado
sobre os montes.
Os agricultores antigos limitavam os incêndios, e isso ajudava a
conservar os nutrientes do solo e a matéria orgânica, e preservar a estrutura
do solo.
“Nós usamos datação por radiocarbono para determinar a idade desses
tipos de canteiros e chegamos à conclusão de que datam de 800 anos atrás”,
disse o Dr. Mitchell Power, professor da Universidade de Utah, EUA.
Ou seja, os povos indígenas antigos não usavam o fogo como uma forma de
limpar as savanas e gerenciar sua terra, como era pensado. A pesquisa também
mostra um aumento acentuado dos incêndios com a chegada dos primeiros europeus,
um evento conhecido como Encontro Colombiano.
Depois desse evento, o tipo de agricultura saudável nas savanas
amazônicas se perdeu e até 95% da população indígena foi exterminada, graças a
doenças trazidas pelos colonizadores europeus.
De olho no futuro
Os pesquisadores dizem que esta antiga forma de agricultura poderia pavimentar o caminho para aplicações modernas do mesmo tipo em áreas rurais da Amazônia.
“Ela pode se tornar uma alternativa para a queima de florestas
tropicais, recuperando terras de outra forma abandonadas e ecossistemas de
cerrado criados pelo desmatamento. Ela tem a capacidade de diminuir as emissões
de carbono e, ao mesmo tempo, garantir a segurança alimentar para as populações
rurais mais vulneráveis e pobres”, disse o Dr. José Iriarte, da Universidade de
Exeter, Reino Unido, principal autor do estudo.
“Savanas amazônicas estão entre os ecossistemas mais importantes na
Terra, suportando uma rica variedade de plantas e animais que também são
essenciais para a gestão do clima. As savanas hoje são frequentemente
associadas com fogo e elevadas emissões de carbono, mas nossos resultados
mostram que nem sempre foi assim. Com o aquecimento global, é mais importante
do que nunca encontrarmos uma forma sustentável de gerenciar savanas. As pistas
de como conseguir isso poderiam estar nos 2.000 anos de história que nós
revelamos”, comentou o professor Doyle McKey, da Universidade de Montpellier,
França.[ScienceDaily, Foto]
Fonte: http://hypescience.com/como-fazendeiros-de-800-anos-atras-podem-nos-ensinar-a-proteger-a-amazonia/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+feedburner%2Fxgpv+%28HypeScience%29
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